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13 de outubro de 2024

Sua criança interior

     Na minha mente esse é o primeiro dia das crianças em 5 anos. Eu realmente esqueci da existência dessa data, eu não via nenhuma propaganda sobre esse dia nem ninguém no meu círculo falando sobre, de repente eu começo a ver postagens sobre isso e meu círculo de amigos comparando nossas fotos de criança. O que aconteceu?

    Eu acho o romantismo da infância meio bobo na maioria das vezes, eu sou muito mais legal agora do que eu era em 2013, meu entendimento do mundo é melhor e a minha capacidade de desfrutar a vida é muito mais completa do que quando eu tinha... o quê, 5 anos? Ser criança é uma merda! Claro que aquela memória específica sobre algo que eu não posso viver de novo é nostálgica e bonita, mas, se dado a oportunidade, eu jamais voltaria a ser criança. 

    Eu tenho algum bloqueio mental que me impede de consumir qualquer mídia explicitamente direcionada a crianças, eu odeio desenho de criança, músicas infantis e o jeito escroto que adultos conversam com bebês, salvo exceções. Mesmo assim eu tenho um fascínio com esse tipo de obra e aqueles que dedicam sua vida a educar e entreter durante o trecho mais incompreendido da vida de um ser humano.

    Adoro pensar que um dos escritores de livros infantis mais famosos dos EUA (e consequentemente, do mundo) frequentemente visitava a mansão playboy e compôs A Boy Named Sue (inicialmente interpretado por Johnny Cash), Shel Silverstein é um daqueles caras cuja imagem real era um completo oposto de sua obra, assim como o Hayao Miyazaki e o Junji Ito.

The Flooby Dooby Doo – música de Shel Silverstein | Spotify 

    Talvez nem na literatura infantil esse cara fugiu de controvérsia, A Árvore Generosa e seu final aberto para interpretação transformou o livro numa peça de discussão assídua sobre a verdadeira mensagem por trás da história, sujeito e reedições e mudanças pequenas na história que completamente mudam o seu significado.

July 23, 2020 - Presbytery of Baltimore 

 

    Fica de recomendação o excelente vídeo do Solar Sands sobre o livro.

    Eu tenho profundo respeito por aqueles que tratam uma criança com respeito o suficiente a ponto de lhes dar a liberdade de interpretar sua obra como quiserem, talvez sem nem elas saberem, um final em aberto demonstra isso muito mais do que uma conclusão mastigadinha e segura para o espectador.

    Digimon também faz muito isso. Todo o conceito de "Monstros digitais" na saga Adventure pode ser enxergado como uma alegoria muito fantasiosa pra como as crianças que nasceram já inseridas no meio digital interpretam essa coisa que eles não entendem muito bem, além do escapismo proporcionado por elas, mas isso só se aplica aos episódios dirigidos pelo Hosoda. (Sério, assista o OVA de Digimon Adventure! A animação é muito boa pra época e pouca gente o conhece pela maneira estranha que ele foi adaptado pro ocidente...)

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    Aquilo que assistíamos, lemos ou escutávamos há muito tempo, principalmente quando crianças ficam conosco de maneira que outras obras, mesmo que melhores em qualidade, jamais conseguirão ficar na nossa memória da mesma maneira, a leve memória de um desenho animado sobre coelhos monocromáticos parisienses me fascinou por tanto tempo que, mesmo eu não lembrando de onde essa memória vinha, eu tinha certeza que ela era real, e realmente era! Gaspard et Lisa existe e é pra mim o que sylvanian families foi para as garotas alternativas com uns parafusos a menos.

LCX x Gaspard et Lisa “Joyful Christmas” Free Mobile Wallpaper Download |  LCX 

 

    Talvez o fascínio com a infância venha de o quão único esse período é na vida das pessoas e como é praticamente impossível experienciar as coisas infantis com o mesmo brilho nos olhos de uma criança, vá em frente, reassista os filmes da Barbie ou os stop motions fofíssimos da Hello-Kitty, Talvez você encontre uma qualidade ali que faça o todo da experiência valer a pena, mas não vai ser o mesmo, e tá tudo bem! Só o fato de enxergar novas qualidades em alguma mídia da sua infância é lindo, mostra crescimento, amadurecimento e caráter! Não gosto do saudosismo da infância porque a eterna nostalgia é estagnante, mas não precisa matar a criança dentro de você que nem eu fiz por um tempo. Não se importe, gaste quantidades obscenas de dinheiro em cartinhas de pokémon, vá no wayback machine de vez em quando e lembre como você adorava visitar o site da Discovery Kids quando criança, só tenha cuidado em achar um bom meio termo pra não se perder nesse ciclo.

(OBS: Esse último parágrafo é mais pra mim do que pra você, leitor. Eu realmente preciso parar de odiar a minha infância.)

Se alguém realmente leu até aqui, muito obrigado! Eu me diverti muito escrevendo isso e feliz dia das crianças atrasado para todos. Fui!

     

6 de outubro de 2024

28.340 Mortos em 13 de Fevereiro de 2024

 

 

O contexto é uma ferramenta poderosa, né?


É por meio dele que construímos a nossa visão sobre tudo que nos cerca, e com música não é diferente. “Será que a minha opinião sobre esse álbum seria diferente se o artista ainda estivesse vivo? E se eu não falasse a língua cantada nesse outro disco?” Eu me pergunto. Mas dessa vez essa dúvida se destaca mais do que eu gostaria.

O álbum "NO​ ​TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28​,​340 DEAD" é, desde o seu primeiro momento, explicitamente sobre o conflito Israelita-Palestino, seu nome, em tradução livre, é “NÃO HÁ TÍTULO, EM 13 DE FEVEREIRO DE 2024, 28.340 MORTOS”, sendo esse número a quantidade de civis palestinos brutalmente assassinados por ataques israelitas até a data mencionada.

O contexto, novamente, vem à tona: Será que essas músicas seriam igualmente apreciadas se elas não fossem relacionadas a um tópico tão sensível? Estaria a banda se aproveitando de um genocídio contemporâneo para alavancar seu impacto e reconhecimento? Já havia pensado nisso quando se trata da banda “Godspeed You! Black Emperor”, grupo canadense de pós-rock que não tem medo de ser político em sua obra, mesmo sendo completamente instrumental.

Não é ignorante tentar criar uma obra de arte em cima disso? Não há poesia, canção ou beleza que possa ser extraída de uma tragédia dessa magnitude, mas eu devolvo essa pergunta pra mim mesmo: Não é ignorante escrever sobre uma guerra no conforto de minha casa, num país pacífico, longe de tudo?


Eu sou extremamente privilegiado por estar onde estou.


Pessoalmente, não acho que esse seja o caso, não acho que essa obra foi criada apenas para capitalizar em cima da tragédia, porque ela tem algo a dizer; não é sobre ideologia política A ou B, nem sobre religião X ou Y, é sobre o denominador comum humano, a vontade de viver, e as 28.340 almas ceifadas por um motivo ignorante e maligno, número esse que dobrou desde que o título do disco foi cunhado.


A sequência de “SUN IS A HOLE SUN IS VAPORS” e “BABYS IN A THUNDERCLOUD” deixam difícil passar por elas sem se comover, é a melancolia e a desesperança expressada sem nenhuma palavra, aquele entalo na garganta que não te permite chorar, talvez uma combinação de instrumentos não ortodoxa passa uma estranheza ao ouvinte, junto com a grandiosidade que “BABYS IN A THUNDERCLOUD” atinge no final, não é um grandioso bonito, que nem nos discos anteriores de Godspeed You! Black Emperor, isso não é como Storm, não é Lift Your Skinny fists, é completamente diferente, e vaga num território explorado por pouquíssimos artistas com uma competência milagrosa.

O mar de guitarras ecoantes afogado por ruídos ríspidos característicos do Drone falam uma linguagem universal, entendida em árabe, inglês, português, qualquer língua, e reverbera nos tímpanos dos mais rígidos políticos engravatados, despidos de alma e coração pelo incessante desejo por poder. Não há uma palavra pronunciada por toda a duração do disco, em nenhum alfabeto ou dialeto, com a exceção de um poema na canção RAINDROPS CAST IN LEAD, ele está em espanhol, no segundo plano, debaixo dos loops de feedback dos amplificadores e em qualidade relativamente baixa:


Gotas de chuva misturadas com chumbo

Nosso lado iluminado

E logo extinto, enterrado e terminado

Debaixo de um sol perfeito

Debaixo do corpo que cai do céu

Foram mártires que caíram

Porque do nosso lado, haviam mártires desde antes mesmo de nascermos

Aqueles que tentaram foram mortos por tentar

Aqueles que morreram jovens, furiosos e idosos e que nunca viram o amanhecer

Inocentes e pertencentes aos pequenos corpos que riam e adormeceram para sempre

E que nunca viram a beleza do amanhecer.”


-Autor desconhecido

(tradução livre)


Esse disco invoca uma profunda tristeza em mim, me enfurece saber que eu não posso fazer nada fora observar, forçado a ver vídeos e registros dos corpos de civis sendo arrastados no meio dos destroços de concreto e poeira, impulsionados na minha direção por um algoritmo virtual perverso, enquanto figuras digitais insistem em negar a existência de um genocídio, torcendo para um lado ou para outro, pisoteando os corpos dos milhares mortos por explosões e balas de chumbo. Meu coração começa a bater forte e eu não sei pra onde direcionar essa raiva.


Eu não sei o que pensar de PALE SPECTATOR TAKES PHOTOS (UM ESPECTADOR PÁLIDO TIRA FOTOS), talvez tentando exemplificar como esse é um dos horrores da humanidade mais bem registrados da história, essa música incha e aponta para o maior crescendo do álbum, é muito fácil encontrar vídeos de crianças morrendo em gaza, e acho que nem a própria canção consegue demonstrar o sentimento de pura desolação que esse fato implica, é um absurdo tão grande que meu cérebro nem consegue registrar o que isso significa, a música acelera, as guitarras ficam mais barulhentas, desgovernadas, não é um “épico”, muito menos um refrão, é a raiva.


Talvez GREY RUBBLE - GREEN SHOOTS seja um final feliz, ou não, depende da sua interpretação, mas a impressão que esse disco me deixou é que mesmo no ponto musical mais baixo, as melodias carregavam um leve tom de esperança, de luz no fim do túnel, é um sentimento difícil de explicar, mas está lá, eu sei.


Os últimos minutos onde, em comparação com o resto da obra, há calma e silêncio talvez sejam uma alegoria ao final da guerra, um violino tremedeiro é o que resta da música, pode ser que a paz tenha sido atingida na canção, mas a que custo? A música está mais silenciosa, a faixa de Gaza contém menos pessoas, menos prédios, menos vida, e as almas de milhares descansam, tendo sua existência diminuída para a de uma vala comum.


Eu não me sinto confortável avaliando esse álbum, pelo menos por enquanto. Os discos de Godspeed You! Black Emperor sempre são os que mais dão trabalho pra dar uma nota, não tem como quantificar tudo isso em um número de zero a cinco estrelas, talvez eventualmente eu dê uma nota pra ele, assim como foi em Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven, mas por enquanto eu abstenho de dar uma nota para esse disco e suas músicas. Peço desculpas caso esse texto tenha ofendido alguém. Obrigado por ler.

 

Do rio ao mar, liberdade na Palestina! 

27 de setembro de 2024

Buenos Aires parte 3

     Pois é, eu não esqueci que estava fazendo isso!


    Um novo dia, uma outra rota do metrô lotada... poderia até colocar o vídeo que eu gravei de como o metrô estava, mas eu acabei gravando a cara de um molequinho dormindo com cara de otário no trem e decidi poupar o moleque do vexame, mesmo assim, o metrô estava cheio porque estávamos a caminho do coração da cidade, a praça de maio.

    Definitivamente o local mais obrigatório de qualquer viagem a Argentina simplesmente pela importância cultural do local, e também por conter não só a praça, como a casa rosada, catedral e ser bastante próxima do porto madero, se algum idiota ainda estiver lendo isso com a esperança de ver algum guia de turismo na cidade, fica minha recomendação de passar nos dois no mesmo dia, mesmo que na prática, nós tenhamos passado por lá mais de uma vez.

    Primeiro, a catedral:

    A catedral metropolitana de Buenos Aires é gigantesca, muito bonita, e estava inclusive passando por um trabalho de restauração muito bem feito quando passamos por lá, não estava havendo missa no dia, mesmo assim havia um número relativamente grande de turistas passando por lá.

    Fiquei muito impressionado principalmente com os mosaicos gigantescos no chão e a mera escala do lugar, eu só filmei pouco por respeito as pessoas que estavam rezando lá.


    Do outro lado da rua, já fica a praça, e consequentemente, a casa rosada, dá pra literalmente ver a casa de dentro da igreja e vice-versa.

    


    

    Spinetta dedicou uma música inteira pra essa droga dessa praça, não vi nenhuma andorinha, nem a cidade coberta de flores, mas ele mesmo tinha falado como no inverno tudo isso ia embora.

    O equivalente latino da casa branca é gigantesco, e muito bonito, além de ter uma cor muito melhor que branco, não é um lugar tão majestoso como "golondrinas de plaza de mayo" disse que seria, mas de certa forma isso faz parte do que torna o lugar tão legal, sabe, eu odeio os Argentinos tanto quanto a próxima pessoa, mas eu tenho que admitir que a capital deles dá de 10 a 0 em São Paulo.

    Agora eu entendo bem o porque comparam tanto essa cidade com uma capital europeia, o clima temperado misturado com a arquitetura passa uma energia inexistente em qualquer outro lugar da américa latina, o fato de ser uma manhã fria depois de chuva aumentava esse sentimento meu.


    No caminho da praça até a entrada da casa rosada, existem vários mini monumentos, um obelisco, várias estatuetas, uma homenagem a vítimas da pandemia, e uma bandeira gigantesca da argentina que precisa de quantidades copiosas de vento pra tremular direito. Sério, acho que projetaram isso pra tremular apenas em tempestades tropicais.

    O prédio da casa rosada é de sol da tarde, por isso a iluminação não estava tão legal assim, abaixo dá pra ver minha lente sofrendo pra se adaptar a luz direito, enquanto tenta pegar um ângulo legal do prédio.


    Agora, de todas as coisas que eu pensei que iam acontecer comigo viajando pra um país estrangeiro, ISSO AQUI tava longe de ser cogitado, o MILEI, sim, atual presidente, decidiu sair pra dar bom dia pro público de umas 25 pessoas, talvez isso seja sinal de que ele não seja tão popular por lá, alguém gritou "olha o peruca!" em espanhol e várias pessoas riram, algum gringo me perguntou quem que estava lá em cima.



    Descendo a rua por trás da casa rosada, você dá de frente com o Puerto Madero, a região nobre e restaurada do cais de Buenos Aires, ali eu senti algo de esquisito. Existem várias sedes de bancos grandes e empresas de tecnologia naqueles arredores, é um ponto turístico, lotado de restaurantes e lojas de presentes, mesmo assim o movimento tava muito abaixo do que aquela estrutura recém-reformada permitia. Fora a ponte da mulher, monumento (muito bonito, por sinal) que liga o cais da cidade grande, não parecia ter quase ninguém nas extremidades do bairro, mesmo ele sendo lotado de apartamentos de luxo e empresas de alto escalão, não peguei nenhum vídeo que captura o que eu estou tentando falar sobre, mas talvez tenha sido só um dia ou horário de baixo movimento.


    DICA DE VIAGEM: NÃO CAMINHE POR TODO O PORTO. ESSA PORRA É GIGANTESCA. Cometemos esse erro e no final, quase como a miragem de um Oasis chegamos no Casino da cidade. Agora, eu sou o maior hater de casinos, mas por escolha popular tive que entrar no casino e ficar preso no saguão, pois sou menor de idade e obviamente não podia entrar. >:(



    Depois de uns 500 pesos ganhos por minha irmã numa slot machine aleatória, deicidimos voltar ao porto pra almoçar, e aí ficou muito aparente aquilo do lugar estar vazio que eu havia dito antes. Um bairro chique, movimentado, em horário de almoço, vazio? Por mais que ele parecia chique, pegamos uma promoção de um bife por um preço legal, e que ainda estava muito gostoso. Essa é uma foto que eu tirei de relance pra tentar demonstrar como havia só nós, e mais uns dois casais nesse restaurante que facilmente tinha mais de 30 mesas.


    Com isso, nos despedimos do Porto (por enquanto) e fomos em direção do nosso outro ponto planejado para aquele dia, o bairro da recoleta. MAS ESSA POSTAGEM JÁ TÁ LONGA. VAI FICAR PRA DEPOIS!!!!


Obrigado por ler.



25 de setembro de 2024

Pelúcias da IKEA e algo de errado

 Compra de R$2916,58 Aprovada em IKEA SOFT TOYS


    Eu nunca tive nenhum bicho de pelúcia, parte da minha família é alérgica, mas isso nunca me incomodou, eu sempre achei meio bobo ver pessoas na idade adulta falando que ainda dormiam abraçados com pelúcias ou que ostentavam estantes lotadas de marcas específicas, aquela imagem de um casal dividindo sua coleção de beanie babies no tribunal de divórcio é muito engraçada; Então o que me comove a escrever uma postagem inteira dedicada a EXATAMENTE isso? Bem, olha pra ele: (!!!!)


    Isso é diferente, de todas as marcas a terem um trecho de artigo dedicado a elas, a marca sueca de móveis IKEA não tinha planos de estar nessa lista, mas por algum motivo eles decidiram criar uma linha surpreendentemente robusta de pelúcias simples de animais, não são personagens licenciados ou uma representação supercartunizada de um animal comum, é só um bichinho de pelúcia fofo, quase passaria batido no set do quarto de um protagonista num filme dos anos 2000 ou num decorado de apartamento classe média-alta, mas por algum motivo o charme dessas coisas me deixou morrendo de vontade de ter absolutamente toda unidade diferente possível delas. Você venceu, capitalismo, eu não ligo mais, eu quero preencher o vazio existencial com enchimento de espuma para pelúcias.

    Ignorando pelúcias por um momento, é realmente uma falácia o fato da IKEA não existir no Brasil, uma marca de móveis baratos solucionaria todos os meus problemas, é o que a MadeiraMadeira tenta ser, mas sua escala é minúscula em comparação com as IKEA's mundo afora, um depósito metálico em tom bayside blue e speed yellow com móveis até onde os olhos alcançam, a América latina precisa disso! Eu também! Preciso duma estante que encaixe nas medidas estranhas do meu quarto urgentemente!

     É impossível eu não falar do que é praticamente o motivo pelo qual eu sei da existência dessas coisas e o porque eu estar escrevendo isso, o Blahaj alcançou popularidade astronômica e virou uma iconografia não oficial da comunidade trans mundial, como isso aconteceu? Eu não sei. Mas olha pra ele, você acha que passa algum pensamento por essa cabeça? Eu te invejo.

IKEA BLAHAJ Soft Toy Shark Pack - Conjunto de 3, 39 ¼

    Dito isso, preciso urgentemente comprar réplicas do tubarão Blahaj e da orca Blavingad no aliexpress, é a opção que me restou já que se recusam a mandar essa empresa pra qualquer lugar da américa latina, talvez aquele desprezo por pessoas que abraçam pelúcias tenha virado inveja, não existe a menor possibilidade de eu criar coragem pra comprar isso atualmente por pura vergonha, que talvez seja estúpida da minha parte, ou talvez não seja, eu não faço a menor ideia.

    De qualquer maneira, essa publicação foi bastante infantil, sem propósito, e BEEEM abaixo do que eu considero um artigo decente, eu só tava com mais vontade de escrever do que o normal e esse é o tópico que estava passando pela minha cabeça, se você realmente leu tudo, obrigado por ler.

     

21 de setembro de 2024

Atrasos e arquivos

     Então, eu acabei ficando mais tempo do que planejava sem publicar nada aqui. Acontece que um dos meus maiores roteiros foi apagado do meu drive sem o meu consentimento, e eu não consegui recuperar ele. Isso matou completamente o meu ânimo de recomeçar ele, mas como a máquina não para, eu vou transformar isso em conteúdo, eu não ligo, o post de hoje é sobre isso.

     Não acontece frequentemente, mas quando eu perco um arquivo digital importante, seja por causa de discos rígidos, backups estúpidos, falta de espaço ou a nuvem decidindo que eles simplesmente não existem mais eu entendo porque as pessoas gastam quantidades obscenas de dinheiro em servidores de armazenamento pessoal... Exageros a parte, perder um arquivo de importância é doloroso demais, cada vez que acontece comigo a vontade de montar um server rack como esses é mais tentadora.

    O meio digital tenta ofuscar o fato de que arquivos também ocupam espaço físico assim como documentos de verdade, o conceito de armazenamento num HD é o de literalmente gravurar a informação num discozinho, e o problema disso é que, ao ser sobrescrito ou corrompido, já era, perdeu. Não achar um documento em uma pilha de papel é menos tortuoso, pelo menos você sabe que ele está lá, só não aonde.

    Eu estou numa sequência de azar de múltiplos anos quando o assunto é armazenamento de arquivos. Ainda tenho o HDD que armazenava todas as minhas fotos de infância até ele ser corrompido por um técnico incompetente (sério, levamos o computador para um reparo no sistema de resfriamento e saimos com um disco rígido quebrado, quanto mais eu aprendo de eletrônica e reparo em componentes mais eu fico confuso com o quão idiota você tem que ser pra quebrar algo que nem tinha a ver com o reparo...), nessa mesma tacada perdi todos os vídeos que eu gravava pro youtube de 2014 - 2017, (já fazem 10 anos?) mais recentemente eu perdi dezenas de documentos escaneados, projetos de escola, projetos pessoais, e toda a minha pasta de beatmaps no osu! durante uma partição resultante da instação de um SSD.

     Nesse ponto eu já devia ter aprendido a ter um backup de tudo que eu considero levemente importante, né? Bem, recentemente eu deixava todos os meus documentos escritos no drive, já que o docs sincroniza seus arquivos automaticamente, e quem decidiu me deixar na mão foi o Drive...

    Não vou entrar em detalhes, mas alguém entrou no meu computador e apagou metade do meu google drive permanentemente, eu entrei em contato com o suporte deles e ninguém me respondeu. Armazenamento é uma merda.

   É meio bizarro pensar que o armazenamento aos poucos está se tornando uma redundância, os Iphones mais tunados vem com mais de 500Gb de armazenamento, e um SSD que cabe na palma da minha mão pode guardar 4Tb em um computador pela bagatela de 2000 reais. Entendendo melhor o funcionamento desses componentes, com latches e flip-flops fica ainda mais absurdo pensar que esses são números atingíveis de armazenamento num espaço tão pequeno quanto o de um celular ou SSD. Os engenheiros elétricos pioneiros da eletrônica digital jamais saberiam que a obra de suas vidas seria usada pra no futuro armazenar todas as galerias do furaffinity. Obrigado engenheiros elétricos.

Conclusão

    Cansei de perder arquivos, a partir de agora todas as postagens do meu blog serão escritas em papel velino de couro de vitelo com canetas tinteiras de pena, assim como faziam no século XV. Obrigado por ler.

29 de agosto de 2024

Twitter: Já vai tarde!

     Vou ser bem sincero nessa postagem aqui, por mais que seja de longe a rede social que eu mais usei em toda a minha vida, eu ODEIO o twitter pós Musk com toda a minha alma, o problema é que, depois de anos curando uma timeline decente, só com os usuários que eu realmente gostava de ver, não existe mais outra rede social que se iguale a ela pra mim.

     

    O problema com essas alternativas ao twitter, I.E. Mastodon, Bluesky, e et cetera, é que elas são superiores ao twitter em todos os quesitos imagináveis, são mais otimizadas, tem interfaces melhores, propostas descentralizadas, perfis mais customizáveis e assim vai, só que elas não tem o que torna uma rede social... social. São REDES, redes muito boas, por sinal, mas sem as pessoas, não existe motivo pra usá-las.

    Mesmo que com o fim do twitter no Brasil, haja um êxodo em massa para outra rede social, eu não acho que irei conseguir replicar a minha timeline como ela foi. Sigo mais de 2 mil contas do Japão, China, Coreia, Europa, EUA e de vários países latinos, não vai ser o mesmo só com Brasileiros. 

    Admito que o que me manteve utilizando essa desgraça por tanto tempo após a aquisição do Elon foram a quantidade inimaginável de artistas bons presentes nessa merda. Sejam artistas tradicionais, escritores, músicos (e, sim, até fursuiters), a arte é o único motivo que me manteve tuítando por nove anos. Vai ser difícil achar outras redes sociais das pessoas que eu seguia, principalmente daqueles que moram em países distantes, e que só usam as plataformas de seus países, como o VK(Russia/CIS), NAVER(Coreia) e QQ (China).

    Por mais que isso não tenha nada a ver, sim, a maioria dos meus furries favoritos só são ativos no twitter, principalmente os estrangeiros e não falantes de inglês.

    De qualquer maneira, vamos ver no que dá, estou bem curioso pra ver como o bloqueio da plataforma vai acontecer no Brasil, quando rolou o negócio do Telegram, só apareceu uma mensagem de erro, mas como a API do Twitter é o lixo que é, duvido que até mesmo estrutura pra isso eles tenham.

    Tá flutuando na internet um mock-up de como seria a mensagem de erro para o Brasil, mas eu sinceramente acho que ou vão puxar o site da tomada de vez ou vai ser uma mensagem de erro comum.

    Apesar de todas as pessoas legais que ainda existem lá, é inegável o quão lixoso essa merda virou. Discurso de ódio come solto lá todo dia, sem falar do discurso político muitas vezes estúpido, redundante, chato e que muitas vezes só é criado para espalhar o ódio nas pessoas.

    Tchau twitter! Não fará falta! Pau no cu do Elon Musk e abram um site no neocities!


10 de agosto de 2024

Buenos Aires parte 2

     Na madrugada de domingo para segunda após chegarmos em nossa hospedagem, eu, mesmo dormindo na parte de baixo de um sofá cama tive o sono mais pesado da minha vida, naquela noite a final da copa América aconteceu e a Argentina (infelizmente) ganhou, o buzinaço foi absurdo, e nem assim eu acordei, mas as imagens da noite falam por si só.

Torcedores comemoram título da Argentina em Buenos Aires — Foto: Tomas Cuesta / Getty Images 

 

    Iniciando oficialmente o dia 2: Destino: Caminito.

   Esse com certeza foi um dos dias que mais andamos no subte, disparado. As estações por onde passamos nesse dia lembravam bastante a luz, a decoração antiga misturada com a tecnologia moderna dos metrôs deixavam bastante aparente o quão antigas realmente são essas estações, e mesmo com as renovações que passam, ainda retém um pouco de sua essência centenária.

    Acontece que o bairro de La Boca é um dos lugares mais distantes de onde estávamos hospedados, depois de ir até duas estações terminais ainda tivemos que pegar um Uber pra chegar no bairro. Fomos primeiro na bombonera, e, cara, que estádio legal. Pena que é do Boca.


 

     

    Por mais que eu odeie o Boca Juniors e tudo que esse time representa não tem como negar o quão foda é o estádio deles, tenho que admitir que as cores amarelo e azul vão bem pra caralho, tem um conceito de teoria de cores que explica porque isso funciona tão bem, eu só não sei o nome.


    Aqui começou a ficar aparente pra mim o quão viciados os caras são em futebol. Realmente, não sei como o Brasil manteve o título de país do futebol por tanto tempo, porque lá esse esporte serve como um pilar essencial de sua cultura e identidade, é absurdo o fanatismo que pessoas tem pelo Messi e Maradona, são quase vistos como deuses lá, durante esse dia, em que tinham acabado de virar campeões da américa, não era incomum ver gente cantando dale dale campeón pelas ruas, réplicas de taças da copa do mundo e da copa américa vendendo em lojinhas de presentes, e o mar de camisetas brancas e azul-celeste nas ruas, realmente o negócio é absurdo.



    Outra coisa que eu notei com isso é como eles sabem aproveitar os seus ídolos muito mais que os brasileiros: NÃO ME ENTENDA MAL, eu odeio os argentinos tanto quanto a próxima pessoa, mas aqui tem tantas pessoas incríveis que a gente não consegue aproveitá-los direito, lá, eles tem só 2 jogadores de futebol de classe mundial (messi e maradona), e os dois são tratados como mitos lá, eles tem um núcleo pequeno de músicos excelentes (Charly, Spinetta e Cerati) e são todos muito conhecidos e figuras respeitadas por lá, enquanto aqui a gente tem TANTO futebolista bom, TANTO músico bom, et cetera que a gente simplesmente não aproveita as pessoas fodas que temos como eles. Em algum upload futuro quando eu chegar nas lojas de música que eu visitei por lá eu explico esse tópico melhor.

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    Esse pedacinho colorido de La Boca é o Caminito, e provavelmente é o lugar mais legal de todo o país pra mim, por mais que tique todas as caixas de uma típica tourist trap, tem um motivo pra ter tanto turista aqui em plena segunda-feira, o lugar realmente é legal. As ruas coloridas, por mais turísticas que tenham se tornado simbolizam uma espécie de point do artesanato da cidade que existe há muito tempo, mesmo que muitas dessas lojas artesanais tenham se transformado em lojas de presentes com o passar do tempo e a "turistificação" de tudo isso.


... ELE DENOVO???


    O caminito tradicional é basicamente um quarteirão só, mas segue sendo bastante legal, e com certeza vale a visita quando combinado com a bombonera, que fica a um quarteirão de distância desse lugar. Também almocei um choripan sinistro nesse lugar mas isso não vem ao caso


 

    Não seguimos nenhum tipo de rota ou planejamento pra nossa viagem então todos os lugares que a gente visitou meio que escolhemos no freestyle, então dane-se, vamos cruzar a cidade e voltar pro centro! Provavelmente não era a escolha ideal de lugares pra visitar mas como a gente já estava longe de qualquer metrô e precisávamos pegar um Uber de qualquer maneira já decidimos conhecer o lugar.





    É estranho pensar que existe uma cidade capital tão diferente de São Paulo tão perto dela. Eu não queria fazer comparações mas já fazendo, mas as ruas são muito mais 'andáveis', os prédios são altos mas não engolem o céu, as passarelas são amplas e existe bastante espaço tanto para o pedestre quanto para o carro. Isso não é eu pagando pau pra argentino, e sim demonstrando o meu ódio por São Paulo Capital.



    Em seguida entramos nas galerias pacífico. É basicamente um prédio antigo restaurado pra ser um shopping, e minha nossa que lugar bonito, as lojas eram de grife demais pra eu sair comprando coisas por lá, mas convidativas o suficiente pra eu não me sentir um pobre em alphaville. É tipo um shopping cheio de Zaras.



    Foi mais ou menos nesse momento que eu percebi que o obelisco estava a uma distância de caminhada das galerias pacífico. Pra alguém acostumado a andar todo o caminho da linha 11 coral de uma estação pra outra, é estranho pensar que em Buenos Aires tudo meio que é perto, e dá pra caminhar de uma estação de metrô pra outra. No mapa do Subte o centro da cidade e o obelisco eram estações diferentes, mas meio que em 15 minutos de caminhada a gente já tava lá.

    Me surpreendeu o quão movimentado é o obelisco, nesse dia em específico a cidade tava linda, não tinha uma nuvem no céu, o clima estava aquele frio confortável, e tinha milhares de pessoas passando de carro simplesmente ignorando aquele monumento tão bonito. Realmente a Nova York latina.

    Algo que eu notei no obelisco é como os grandes pontos turísticos todos tem estacionamentos subterrâneos que ficam bem embaixo do monumento, eu não consegui fotografar o do obelisco, mas eles existem, eu sei. É uma solução até que bem engenhosa em comparação com os caóticos estacionamentos paulistas e demonstram o quão bem planejada partes da cidade são. Como assim tem um estacionamento underground do lado de uma estação de metrô e eles nunca se encontram assim como não danificam nenhuma tubulação ou fiação subterrânea em uma das áreas mais populosas da cidade? Engenharia é o mais próximo que o humano comum vai chegar de fazer magia negra.


    Quando eu notei que estava no coração da cidade, eu lembrei que estava colado em uma das lojas de disco que eu queria visitar no país. A Argentina é o único país latino que tem mais de UM álbum que possa competir com a muito mais rica discografia brasileira, sendo composto pelo núcleo de Gustavo Cerati, Spinetta e Charly Garcia, eu poderia ficar falando sobre a música dos três por uma postagem inteira, mas isso já fugiria do ponto desse post. Fica pra próxima.

    Desde antes de viajar eu já queria alguns álbuns argentinos, essa viagem serviu como a desculpa perfeita pra achar algumas coisas que ou eu nunca encontraria no Brasil, ou teria que pagar muito mais caro pra ter. 

    A primeira loja que eu visitei se chamava Oidmortales, e... CARA... EU NUNCA VI TANTA MÚSICA LEGAL EM UM LUGAR SÓ. POR QUÊ VOCÊS NÃO EXISTEM NO BRASIL CARA???? Juro, Vinis que eu só via no discogs e que nunca pensei que viria em pessoa, todos a venda, lacrados e intactos. Eu fiquei pasmo. Queria ter fotografado tudo, mas não consegui. A melhor maneira que eu posso demonstrar isso pra você é mostrando o instagram deles. Sério, olha pra isso!!

     

       Um pouco de contexto pra esse clipe: Eu ia tentar filmar a coleção de cocteau twins deles mais alguns álbuns de dreampop e shoegaze que estavam lá, mas aí o outro cara que estava na loja saiu e eu fiquei com vergonha de ser a única pessoa lá filmando, XD.

 

     A loja era incrível, pequenininha, colorida, com uma música bem levinha tocando de fundo, e um leve cheiro de cigarro, todos os meus 5 sentidos foram atiçados naquele lugar, e eu fiquei muito triste quando não consegui achar os CDs que eu queria lá. Mas sério, visite esse lugar se você estiver em Buenos Aires e minimamente goste de música em mídia física, eu fiquei maravilhado.

    Passei em outra loja também perto dali, a Cactus, onde comprei Artaud e Dynamo, dois álbuns que, por mais que existam no Brasil, não são baratos ou fáceis de achar como são lá.

   


    Ultimo item do dia: Teatro Colón, esse foi só pra ver de longe mesmo, nem entramos no lugar, mas passamos num café e descansamos um pouco antes de voltar pro metrô, um lugar bem bonito, deve ser ainda mais legal por dentro para ver algum tipo de apresentação.




    O lugar era rodeado por vários prédios bonitos, mas o teatro de verdade era esse:


    Com isso, "fechamos" o dia e voltamos pra Palermo.

    Jantamos de noite num lugar chamado Kentucky. Pedimos 4 fatias de pizza e levou mais de uma hora pra entregarem, também esqueceram de uma bebida nossa. Não recomendo.

    

    Agora sim voltamos pra nossa hospedagem e realmente fechamos o dia. Então também vou fechar a parte 2 aqui, ficou bem maior do que eu pensei que ia ficar, o editor do blogspot tá até travando...


    obrigado por ler.