26 de maio de 2024

A Exposição do Salvador Dalí na FAAP

     Ontem eu fui pra São Paulo, mais especificamente em Higienópolis pra visitar uma exposição na FAAP. Antes disso, meu único conhecimento sobre Higienópolis é que ele era o bairro mais caro do banco imobiliário.


    Sempre que eu visito SP eu fico surpreso demais com a mera quantidade de pixo que tem lá, eu já li e observei bastante o pixo da minha cidade e o pixo como forma de arte, mas eu me esqueço como São Paulo tá num patamar completamente diferente a qualquer outra cidade do mundo em comparação.

    Eu vou deixar minhas opiniões sobre a pixação pra outro post, mas fica aqui a recomendação do documentário PIXO:

 
    Sério, olha essa parede que eu filmei, não é nem metade dela!


    Eu nunca tinha ido pra FAAP, mas fiquei surpreso com o quão perto ela é do estádio Pacaembu, tudo bem agora que ele está em reforma, mas e quando tinha jogo? Como que se tem aula aí? Fora isso, os arredores do bairro são muito bonitos, o clima frio de ontem só ajudou em fazer o lugar se parecer como um lugar da Europa, pena que é São Paulo.

    Sério, eu odeio a cidade São Paulo (juro que ainda vou falar sobre a exposição), não sei como tem tanta gente que se adequa ao caos e indiferença que esse lugar exala, é a definição de distopia, a desigualdade é esfregada na cara dos mais pobres, com bairros simples colados em lugares como o Morumbi, SP parece a versão sem graça da Los Angeles de Blade Runner.

    O prédio da FAAP é bem bonito, tenho que admitir. Gostei dos vitrais.


    Agora, sobre a exposição em si: eu devia ter tirado algumas fotos mais abertas da exposição pra passar uma visão melhor de como ela era configurada, então fiquem com a segunda melhor coisa, o vídeo oficial disponibilizado no site da expo:


    Esse vídeo omite o último corredor, mas vou deixar ele pra depois, e discutir essas duas salas primeiro

    O primeiro corredor é o mais simples, mas também o com mais conteúdo real; aqui, há duas linhas do tempo, uma detalhando sua carreira artística e outra mostrando os eventos globais que estavam acontecendo durante certo período. Eu gostei desse corredor, a maneira como tinham painéis de luz atrás das telas faziam elas se destacarem em relação ao corredor, o zigue-zague que você tem que fazer pra enxergar todas as pinturas também cria a ilusão de que a exposição é mais longa do que ela realmente é.

    Algo que vale mencionar é que havia um código QR no começo da exposição com uma audiodescrição de todas as pinturas expostas, como se fosse uma visita guiada mesmo, eu não usei isso, porque não queria enfiar um celular no meu ouvido nem parecer um recluso de fone no meio da exposição, mas parecia ser uma ferramenta de acessibilidade interessante.

    Eu já conhecia decentemente bem algumas pinturas do Dalí, mas tinha bastante coisa que eu não conhecia, era engraçado ver uma fila se amontoando pra tirar foto na frente da persistência da memória enquanto tinham outras pinturas bonitas com suas exposições praticamente vazias.

    Uma pintura que eu não conhecia e que eu gostei bastante foi essa aqui, com um título longo demais pra eu escrever a mão:



    Nunca tinha visto isso antes, mas tem bastante coisa pra dissecar aqui, o mar quase morto, sendo levantado como se fosse uma folha de papel, a menina flutuando... pera aí, menina? "Dalí at the age of six, when he thought he was a girl"? Isso é um autorretrato? Dalí era trans?

    O meu incômodo principal com essa parte da apresentação foi a omissão de algumas pinturas e o fato de que nada na apresentação tenta mencionar as tendências fascistas de Dalí, tipo, The enigma of Hitler tava em exposição, mas nenhuma das outras pinturas com simbolismo fascista foi mencionada. Talvez isso esteja só na audiodescrição, ou talvez seja só uma coincidência, vindo de uma universidade particular reservada pra elite paulistana.

    Na troca de corredores os visitantes dão de cara com uma animação 3D do que parece ser um Dalí criança, que ticka todas as caixas do checklist do vale da estranheza, eu sei que tem um curso de animação na FAAP, então não vou ficar aloprando o que é provavelmente o trabalho não remunerado de um aluno intermediário, mas eu achei a inclusão disso desnecessária.

    O segundo corredor é curto, ele simula o ateliê de Salvador Dalí e mostra o fascínio dela pela imagem da esposa, que, com certeza não é objetificada nas pinturas dele. Gostei da TV mostrando a imagem da janela da sala dele, mas fora isso, nada de mais.

    O último corredor é a parte instagramável da coisa toda, com monitores interativos que na verdade são só uma tela verde mal iluminada e uma experiência inovadora em VR que já foi inventada e reinventada por 15 exposições diferentes, é uma parte feita pra tirar foto mesmo, com uma pintura interativa de um rosto, onde a boca serve como sofá, e algumas TVs mostrando as aparições menos importantes do artista na televisão e na mídia. Não parece ser de algo cujo ingresso inteiro é R$60.

ESTEREOSCOPIA - Desafio Salvador Dalí São Paulo: Uma Exposição Única 

A Inspiração Final - Desafio Salvador Dalí São Paulo: Uma Exposição Única

    Como o custo do ingresso só não banca tudo isso, a saída da exposição te deixa na frente de uma loja de lembranças, como sempre: "Exit through the gift shop".

    Acho engraçado ver o marketing dessa expo depois de visitá-lo. O nome utilizado oficialmente é "DESAFIO SALVADOR DALI", quando a coisa mais desafiadora nessa exposição é navegar pelo mar de gente parada no meio dos corredores. Concluindo: Não gostei, a bienal das artes é de graça e continua sendo uma das poucas exposições paulistas que realmente vale a pena visitar.

    


 

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