Na madrugada de domingo para segunda após chegarmos em nossa hospedagem, eu, mesmo dormindo na parte de baixo de um sofá cama tive o sono mais pesado da minha vida, naquela noite a final da copa América aconteceu e a Argentina (infelizmente) ganhou, o buzinaço foi absurdo, e nem assim eu acordei, mas as imagens da noite falam por si só.
Iniciando oficialmente o dia 2: Destino: Caminito.
Esse com certeza foi um dos dias que mais andamos no subte, disparado. As estações por onde passamos nesse dia lembravam bastante a luz, a decoração antiga misturada com a tecnologia moderna dos metrôs deixavam bastante aparente o quão antigas realmente são essas estações, e mesmo com as renovações que passam, ainda retém um pouco de sua essência centenária.
Acontece que o bairro de La Boca é um dos lugares mais distantes de onde estávamos hospedados, depois de ir até duas estações terminais ainda tivemos que pegar um Uber pra chegar no bairro. Fomos primeiro na bombonera, e, cara, que estádio legal. Pena que é do Boca.
Por mais que eu odeie o Boca Juniors e tudo que esse time representa não tem como negar o quão foda é o estádio deles, tenho que admitir que as cores amarelo e azul vão bem pra caralho, tem um conceito de teoria de cores que explica porque isso funciona tão bem, eu só não sei o nome.
Aqui começou a ficar aparente pra mim o quão viciados os caras são em futebol. Realmente, não sei como o Brasil manteve o título de país do futebol por tanto tempo, porque lá esse esporte serve como um pilar essencial de sua cultura e identidade, é absurdo o fanatismo que pessoas tem pelo Messi e Maradona, são quase vistos como deuses lá, durante esse dia, em que tinham acabado de virar campeões da américa, não era incomum ver gente cantando dale dale campeón pelas ruas, réplicas de taças da copa do mundo e da copa américa vendendo em lojinhas de presentes, e o mar de camisetas brancas e azul-celeste nas ruas, realmente o negócio é absurdo.
Outra coisa que eu notei com isso é como eles sabem aproveitar os seus ídolos muito mais que os brasileiros: NÃO ME ENTENDA MAL, eu odeio os argentinos tanto quanto a próxima pessoa, mas aqui tem tantas pessoas incríveis que a gente não consegue aproveitá-los direito, lá, eles tem só 2 jogadores de futebol de classe mundial (messi e maradona), e os dois são tratados como mitos lá, eles tem um núcleo pequeno de músicos excelentes (Charly, Spinetta e Cerati) e são todos muito conhecidos e figuras respeitadas por lá, enquanto aqui a gente tem TANTO futebolista bom, TANTO músico bom, et cetera que a gente simplesmente não aproveita as pessoas fodas que temos como eles. Em algum upload futuro quando eu chegar nas lojas de música que eu visitei por lá eu explico esse tópico melhor.
Esse pedacinho colorido de La Boca é o Caminito, e provavelmente é o lugar mais legal de todo o país pra mim, por mais que tique todas as caixas de uma típica tourist trap, tem um motivo pra ter tanto turista aqui em plena segunda-feira, o lugar realmente é legal. As ruas coloridas, por mais turísticas que tenham se tornado simbolizam uma espécie de point do artesanato da cidade que existe há muito tempo, mesmo que muitas dessas lojas artesanais tenham se transformado em lojas de presentes com o passar do tempo e a "turistificação" de tudo isso.
... ELE DENOVO???
O caminito tradicional é basicamente um quarteirão só, mas segue sendo bastante legal, e com certeza vale a visita quando combinado com a bombonera, que fica a um quarteirão de distância desse lugar. Também almocei um choripan sinistro nesse lugar mas isso não vem ao caso
Não seguimos nenhum tipo de rota ou planejamento pra nossa viagem então todos os lugares que a gente visitou meio que escolhemos no freestyle, então dane-se, vamos cruzar a cidade e voltar pro centro! Provavelmente não era a escolha ideal de lugares pra visitar mas como a gente já estava longe de qualquer metrô e precisávamos pegar um Uber de qualquer maneira já decidimos conhecer o lugar.
É estranho pensar que existe uma cidade capital tão diferente de São Paulo tão perto dela. Eu não queria fazer comparações mas já fazendo, mas as ruas são muito mais 'andáveis', os prédios são altos mas não engolem o céu, as passarelas são amplas e existe bastante espaço tanto para o pedestre quanto para o carro. Isso não é eu pagando pau pra argentino, e sim demonstrando o meu ódio por São Paulo Capital.
Em seguida entramos nas galerias pacífico. É basicamente um prédio antigo restaurado pra ser um shopping, e minha nossa que lugar bonito, as lojas eram de grife demais pra eu sair comprando coisas por lá, mas convidativas o suficiente pra eu não me sentir um pobre em alphaville. É tipo um shopping cheio de Zaras.
Foi mais ou menos nesse momento que eu percebi que o obelisco estava a uma distância de caminhada das galerias pacífico. Pra alguém acostumado a andar todo o caminho da linha 11 coral de uma estação pra outra, é estranho pensar que em Buenos Aires tudo meio que é perto, e dá pra caminhar de uma estação de metrô pra outra. No mapa do Subte o centro da cidade e o obelisco eram estações diferentes, mas meio que em 15 minutos de caminhada a gente já tava lá.
Me surpreendeu o quão movimentado é o obelisco, nesse dia em específico a cidade tava linda, não tinha uma nuvem no céu, o clima estava aquele frio confortável, e tinha milhares de pessoas passando de carro simplesmente ignorando aquele monumento tão bonito. Realmente a Nova York latina.
Algo que eu notei no obelisco é como os grandes pontos turísticos todos tem estacionamentos subterrâneos que ficam bem embaixo do monumento, eu não consegui fotografar o do obelisco, mas eles existem, eu sei. É uma solução até que bem engenhosa em comparação com os caóticos estacionamentos paulistas e demonstram o quão bem planejada partes da cidade são. Como assim tem um estacionamento underground do lado de uma estação de metrô e eles nunca se encontram assim como não danificam nenhuma tubulação ou fiação subterrânea em uma das áreas mais populosas da cidade? Engenharia é o mais próximo que o humano comum vai chegar de fazer magia negra.
Quando eu notei que estava no coração da cidade, eu lembrei que estava colado em uma das lojas de disco que eu queria visitar no país. A Argentina é o único país latino que tem mais de UM álbum que possa competir com a muito mais rica discografia brasileira, sendo composto pelo núcleo de Gustavo Cerati, Spinetta e Charly Garcia, eu poderia ficar falando sobre a música dos três por uma postagem inteira, mas isso já fugiria do ponto desse post. Fica pra próxima.
Desde antes de viajar eu já queria alguns álbuns argentinos, essa viagem serviu como a desculpa perfeita pra achar algumas coisas que ou eu nunca encontraria no Brasil, ou teria que pagar muito mais caro pra ter.
A primeira loja que eu visitei se chamava Oidmortales, e... CARA... EU NUNCA VI TANTA MÚSICA LEGAL EM UM LUGAR SÓ. POR QUÊ VOCÊS NÃO EXISTEM NO BRASIL CARA???? Juro, Vinis que eu só via no discogs e que nunca pensei que viria em pessoa, todos a venda, lacrados e intactos. Eu fiquei pasmo. Queria ter fotografado tudo, mas não consegui. A melhor maneira que eu posso demonstrar isso pra você é mostrando o instagram deles. Sério, olha pra isso!!
Um pouco de contexto pra esse clipe: Eu ia tentar filmar a coleção de cocteau twins deles mais alguns álbuns de dreampop e shoegaze que estavam lá, mas aí o outro cara que estava na loja saiu e eu fiquei com vergonha de ser a única pessoa lá filmando, XD.
A loja era incrível, pequenininha, colorida, com uma música bem levinha tocando de fundo, e um leve cheiro de cigarro, todos os meus 5 sentidos foram atiçados naquele lugar, e eu fiquei muito triste quando não consegui achar os CDs que eu queria lá. Mas sério, visite esse lugar se você estiver em Buenos Aires e minimamente goste de música em mídia física, eu fiquei maravilhado.
Passei em outra loja também perto dali, a Cactus, onde comprei Artaud e Dynamo, dois álbuns que, por mais que existam no Brasil, não são baratos ou fáceis de achar como são lá.
Ultimo item do dia: Teatro Colón, esse foi só pra ver de longe mesmo, nem entramos no lugar, mas passamos num café e descansamos um pouco antes de voltar pro metrô, um lugar bem bonito, deve ser ainda mais legal por dentro para ver algum tipo de apresentação.
O lugar era rodeado por vários prédios bonitos, mas o teatro de verdade era esse:
Com isso, "fechamos" o dia e voltamos pra Palermo.
Jantamos de noite num lugar chamado Kentucky. Pedimos 4 fatias de pizza e levou mais de uma hora pra entregarem, também esqueceram de uma bebida nossa. Não recomendo.
Agora sim voltamos pra nossa hospedagem e realmente fechamos o dia. Então também vou fechar a parte 2 aqui, ficou bem maior do que eu pensei que ia ficar, o editor do blogspot tá até travando...
obrigado por ler.
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