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31 de dezembro de 2024

Minha aposta é no e-paper

    Avanços tecnológicos sempre são muito oito ou oitenta, ou é um negócio que realmente muda o nosso dia a dia, ou é só uma fad que vai ser esquecida na próxima semana.


    Teve gente que realmente pensou que NFT's seriam o futuro, por um momento, assim como gente que comparou a importância da internet a da máquina de FAX.

    Com a visão do futuro é fácil dizer o que daria certo e o que não fazia o menor sentido, agora, há uma bolha gigantesca em produtos de IA, e, por mais que eu pense que ChatGPT não vá para lugar nenhum, penso que essas ferramentas péssimas como microsoft copilot vão ser usadas como ferramentas de telemetria e spyware pesado até caírem no desuso por serem extremamente inconvenientes e não agregaram nada de realmente útil na experiência do usuário.

    Agora, os meus dois centavos.

    Uma tecnologia que acho ter verdadeiro potencial para se inserir em larga escala nos dispositivos modernos são: as telas de E-Ink.

    É meio chocante ver um kindle pela primeira vez, não parece nem real, uma tela digital idêntica ao papel, é algo que não faz sentido funcionar, mas funciona, mesmo que lento e monocromático, serve pra virar a página e já tá mais que bom. E por muito tempo foi só isso, um aparelho leitor premium muito confortável nos olhos, porém meio nichado e monopolizado pela amazon.

    Mas eu realmente acho que existe a possibilidade de e-ink virar algo mais comum com o tempo, eu já uso variações de filtro de cor azul/escala de cinza nos meus aparelhos faz tempo, (tem um artigo sobre isso) e o próximo passo lógico seria algo que use uma tela dessa, com a criação de tablets e celulares que só tem essas telas como opção, parece algo cada vez mais real.

Hisense A9, um smartphone Android com um tela E Ink e Snapdragon 662

    Há dois problemas principais com isso, refresh rate e a falta de cores, mas o que realmente importa é o refresh rate baixo, pela tecnologia consistir de partículas brancas e pretas que se mexem fisicamente, é complicado atingir taxas de atualização decentes, principalmente num telefone, onde tudo desliza, scrolla, pisca e se mexe, mas, eu pessoalmente acho que há muito espaço para melhora nesse quesito, já existem produtos no mercado com telas de até 60Hz, mesmo que eles sejam difíceis de encontrar e caros. O Daylight DC1 prova que isso pode existir, mesmo que atualmente seja algo incomum.


    Agora, cor é mais complicado. Mesmo assim, já existem aparelhos que fazem isso também! Só que, novamente, são caros, frágeis e difíceis de produzir.


    Dito isso, eu coloco minhas fichas no e-ink/e-paper pra eventualmente virar uma tecnologia super popular, mesmo que ela não vá substituir as LCD's tradicionais.

    Obrigado por vir ao meu TED Talk. Viva a tecnologia esquisita e de hipster.

    Falando nisso, esse site fez 1 ano nesse mês, né? Continuando a tradição de postar no último dia do ano uma matéria apressada, eu preciso dizer que escrever para esse blog foi uma das melhores coisas que eu decidi fazer. Feliz ano novo, que ele seja melhor do que esse!

17 de dezembro de 2024

A verdadeira pior cidade do Brasil

     Vamos supor que você é brasileiro e enriqueceu, seja como foi, você agora faz parte da minoria, da elite, e quer colher os frutos de seu esforço com uma viagem prolongada ou adquirindo uma casa na praia, de veraneio, inverneio, tanto faz; o Brasil é um país vasto em território e variedade, não faltam opções de cidades desenvolvidas e confortáveis para passar um tempo longe da rotina.

    As cidades grandes, Rio de Janeiro, São Paulo, todas tem seus bairros super luxuosos impenetráveis para o cidadão médio, Leblon, Pinheiros, oferecem todo o conforto que essas supermetrópoles infernais podem oferecer, caso a correria de capital não seja pra você, as regiões serranas do interior são muito bonitas e certamente abrigam muitos da classe alta no inverno, Gramado, Campos do Jordão, são diferentes de qualquer outro lugar daqui.

    Tem também o litoral, aposto que o sonho de muita gente é ter casa na praia, e a costa gigantesca do Brasil facilita um pouco disso, Seja recife ou ubatuba, até que é uma opção legal para quem gosta de praia.

    Mas aí tem Balneário Camboriú.

    Caso você seja 'aquele' tipo de rico: agroboy, divulgador do tigrinho, day trader, só uma cidade vai te receber calorosamente de braços abertos, o litoral menos litorâneo do Brasil.

     Num país com tantas opções legais pra viver sua vida de rico, Balneário consegue levar o prêmio de ser uma das mais visitadas e uma potência turística da região sul, por que? Não me pergunte. Sua roda gigante e praia 50% artificial atraiu esse público específico de ricos sem gosto, não é difícil ver Lamborghinis e RAM 2500 passeando pela orla nos fins de semana, e, sabe, eu também gosto de carro, mas como carros tão caros conseguem passar tanto uma impressão de que o motorista não tem o menor pingo de personalidade? Sabe, quando eu vejo um volvo na rua, eu sei que é um velho com gosto, mas quando eu vejo uma RAM, eu tenho CERTEZA de que o motorista é um metido a cowboy tentando impressionar menina, são os dois carros quintessenciais de ricos sem alma.

    É exatamente essa a impressão que eu tenho de Balneário Camboriú após o lançamento de Descer pra BC.


    

    Tem muito o que discutir sobre o estado atual da música brasileira, e é difícil falar sobre o quão ruim as coisas realmente ficaram sem soar como um vira-lata chato, recentemente parece que nos tornamos uma fábrica do cenário indie, Trrpln, Sonhos tomam conta e Samlrc são só alguns exemplos de artistas que receberam atenção positiva mundialmente, sem falar que somos um expoente na evolução da música eletrônica, não é a toa que o d.silvestre e o Ramon Sucesso apareceram no Pitchfork enquanto o RaMeMes ganhou um salve do Theneedledrop, o que eu quero dizer é que, contrário do pensamento popular, TEM SIM muitos artistas geniais que ainda vem de solo tupiniquim, o problema é que eles não recebem a atenção que merecem.

    O que mais me incomoda é que parece como até quem escuta essas músicas regularmente não gosta delas, é só ir nos comentários de qualquer música do Pedro Sampaio ou do Zé Felipe que uma piada falando mal da música deles provavelmente vai estar entre os cinco comentários mais curtidos. Pra quem são feitas essas músicas???

    E é aí que Descer pra BC acerta o alvo em cheio, quem escuta esse tipo de música é exatamente o tipo de pessoa que viaja pra Balneário no fim de ano, "cascos de pessoa com dinheiro e sem alma" é meio forte, mas exemplifica bem o que eu quero dizer.

    Brenno & Matheus caracterizam um fazendeiro cansado da vida rural, e que decide ir passar o fim de ano na praia, adoro que em uma das frases musicais a letra diz: "Prefiro pé na areia do que pé no capim", e a câmera dá zoom na areia mais CINZA e sem vida possível, depois, quando a câmera volta pra cara do Brenno (ou do Matheus, eu realmente não sei), não dá nem pra ver o mar, resultante da megaobra de alargamento artificial da praia. É esse o tipo de cinematografia sutil que eu quero ver na minha mídia!

 

Que areia maravilhosa. 

 

Se forçar bastante a vista, talvez dê pra ver o mar.

     O refrão dessa música circulou bastante na internet, a presença completamente aleatória de pessoas coloridas vestidas de alien realmente vende essa cena pra mim, tem até um alien anão. É algo que facilmente podia ser dum vídeo do Rezendeevil sendo usado pelas fábricas de industry plants pelo Brasil afora, seriam eles os "bombomzinhos pra pegar e morder" que a música fala sobre? Talvez.

 

postagem no bsky 

 

    Falando sério, eu queria parabenizar o Brenno & Matheus e o DJ Ari SL por essa música, eles zeraram a fórmula de hit número 1 dos streamings brasileiros, é uma canção construída em laboratório para ser tocada em 75% dos rádios de carros que descem a serra catarinense nesse fim de ano, falar que "meu ano só começa depois do carnaval", bate perfeitamente com a data de lançamento da música, é tão formulaico que se torna uma máquina de dinheiro perfeita, parabéns. E agora tão fazendo dinheiro pra caralho, inclusive em cima de quem tá de bunda doída pela existência dessa música, seja proposital ou não, eles viraram parte do exato público que visita balneário no fim de ano.

     Caso você queira vez mudança real no cenário musical contemporâneo, não culpe quem faz a música, e sim quem escuta.