23 de janeiro de 2024

Parachutes e A Rush of Blood to the Head

Ninguém se importa com as músicas atuais dessa banda, mas, ei! Pelo menos eles fizeram algo legal no passado.
 

Num mundo pós Britpop e Cool Britannia visto na virada do milênio, a Grã Bretanha parecia estar aos poucos saindo dos holofotes culturais, dando espaço a estética Y2K, o otimismo relacionado a evolução tecnológica e as mudanças no design de tudo ao nosso redor, porque, realmente, durante aquele período, as coisas pareciam estar partindo para o melhor, o milagre econômico japonês e a bolha .com trouxeram a ilusão de que um mundo pós-guerra fria seria repleto de paz e de melhorias econômicas em todo o globo. Por isso, talvez tinha chegado a hora de deixar as estéticas inglesas no passado.


Com o passar do tempo, as coisas começaram a se mostrar como realmente eram, o milagre econômico do país asiático havia estagnado há um bom tempo, e a bolha .com era só… uma bolha.


Talvez as coisas não eram tão diferentes assim no novo milênio.


Então, em julho de 2000, ‘Parachutes’ era lançado ao público, e o Coldplay se aproveitou da tempestade perfeita para criar uma das bandas mais famosas do milênio, um título que os pertence até hoje, com mais de 75 milhões de ouvintes mensais, só no spotify, na data de escrita dessa postagem.

Mas não foi só sorte, o álbum é bom, sim. Por mais que o povo cult atual discorde, os singles principais (Shiver na europa e Yellow no resto do mundo) já justificavam a compra de um disco para a maioria das pessoas, “Yellow” em específico caiu no gosto da MTV, que transmitia o videoclipe bastante durante seu lançamento. Junte isso com o world tour “parachutes”, que realizou incríveis 131 shows em todos os continentes (exceto a América do Sul porque a gente sempre é deixado de lado…), e o primeiro álbum do Coldplay fechou sua janela de lançamento com absurdos 9 certificados de disco platina, de acordo com a BPI (Indústria Fonográfica Britânica).

 

        Eu pessoalmente não acho que parachutes é o melhor projeto dessa banda, por mais que os singles principais sejam bem divertidos, o restante das canções deixa a desejar, nem “Trouble” e “Sparks”, duas músicas que também ficaram populares depois do lançamento me interessam tanto assim. “Playing safe” parece definir bem parachutes, com a exceção dos seus maiores sucessos, nada se destaca do comum ou tenta sair dos moldes de música popular da época. Talvez o sucesso estrondoso de Yellow serviu como um bom indicador para a banda se inclinar mais no estilo de pop-rock, no lugar de algo mais “Mellow” e lento, que nem eles já tinham tentado. Por isso, seu próximo lançamento, “A Rush of Blood to the Head”, de 2002, tenta um “Approach” diferente, que, na minha opinião, funcionou muito mais do que sua tentativa anterior.
 

O segundo álbum do Coldplay, pra mim, quebrou o sophomore slump com estilo.

A Rush of Blood to the Head pegou as partes boas de parachutes e as triplicou, claro que os elementos de piano rock ainda estão presentes, bastante aparentes em tracks como “Amsterdam”, mas a quantidade maior de canções energéticas e alto-astral criam uma mistura equilibrada e um álbum que nunca fica entediante ou lento demais. 

 

 

 

Até os trechos mais lentos, que eu não tinha gostado tanto em parachutes ficaram melhores aqui, obviamente ‘The Scientist’ é o exemplo perfeito disso. Ela é popular por um motivo, na minha opinião, é a música mais bonita do Coldplay. A música utiliza da simplicidade ao seu favor, começando só com um piano-track simples, depois incluindo um violão, bateria, até chegar ao refrão principal, enquanto as letras tentam decifrar um romance entre pessoas que estão presas num ciclo de se separar e voltar a se relacionar novamente, “Running in circles, coming up tails”, tudo isso enquanto se ocupa com algum tipo de pesquisa científica ou acadêmica, e fracassando em equilibrar sua vida amorosa e sua vida profissional. “Pulling the puzzles apart; Questions of science, science and progress, do not speak as loud as my heart”.





Mas não é isso que torna esse disco melhor que seu antecessor, e sim a quantidade impressionante de músicas mais puxadas pro estilo do pop rock, como “Politik”, “Clocks”, “In My Place”, “God Put a Smile Upon Your Face”, entre outras. Em geral, a direção que a banda tomou nesse disco deu extremamente certo, porque seu disco sophomore foi um sucesso tanto crítico quanto comercial, sendo certificado 10x platina no Reino Unido, e no restante do globo atingindo sucesso similar ao de sua estréia.




 
 

Nos anos seguintes, a banda ainda teve seus bons momentos aqui e ali, “Viva La Vida” foi um dos singles mais populares de 2008, e, pessoalmente, é uma ótima música para graduações ou festas. Mas, parece que o Coldplay vem sofrendo em igualar a qualidade das músicas que eles fizeram no começo do milênio, afinal, o dinheiro já está vindo aos montes, eles não precisam se esforçar mais e sabem disso! Não os culpo, eu provavelmente faria o mesmo se estivesse nos sapatos deles.

Em conclusão, escute ambos esses discos, e esqueça do resto.

NOTA FINAL - PARACHUTES: 3.6/5

NOTA FINAL - A RUSH OF BLOOD TO THE HEAD: 4.2/5


espero que essa review tenha sido coerente o suficiente pra alguém entendê-la. Obrigado por ler e até a próxima.

 

 

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